sábado, 27 de novembro de 2010

Cicloturismo

Cicloturismo é a melhor e mais tranqüila face de todas as opções oferecidas pela bicicleta. Pode ser um curto pedalar pela estradinha calma que liga o campo à cidade, ou uma longa e difícil viagem detalhadamente planejada, sempre representa um prazer especial.
O ciclista se encontra com cores, formas, cheiros, sons, natureza, detalhes e mais detalhes da paisagem. A bicicleta permite que o ambiente seja vivenciado. Já, na velocidade de qualquer veículo motorizado tudo vai passando, ficando para trás.
Não é necessário ser um ciclista experiente para fazer cicloturismo. Qualquer um pode fazê-lo. Basta ir com calma, respeitar os próprios limites, beber água e alimentar-se na hora certa e assim vencer pouco a pouco a distância.
No cicloturismo há sempre uma sensação de aventura, retorno à infância, mistura de liberdade e molecagem sadia. É um escapar da mesmice. Bicicletas são simples e revelam que a vida pode ser muito simples. Permitem uma viagem relativamente rápida e ainda assim relaxada; e a um preço muito, muito baixo.
E os problemas? Cansou? Quer voltar? Pegue uma carona ou enfia a bicicleta num ônibus. Quebrou a bicicleta? É fácil encontrar quem conserte bicicletas. Onde você vai dormir não tem garagem? Enfia a bicicleta dentro do quarto.
Há regras e limites, como para tudo. No cicloturismo é respeitar Leis de trânsito e meio ambiente, além e principalmente, respeitar as regras do bom senso e da boa convivência. Enfim, no cicloturismo até os problemas são simples de resolver.
Escolha a sua forma de cicloturismo e divirta-se.
A melhor viagem que fiz na vida foi quando saí de casa para uma simples pedalada, com a única idéia de diminuir as tensões, e acabei voltando quatro dias depois.
Bem distante de casa, tive o cuidado de avisar o meu pessoal e pronto. Estava vestido com roupa de ciclismo, óculos e capacete. Portava a carteira e o cartão.
Era só eu e minha bicicleta de estrada, mais água, uma câmara reserva, três espátulas e a bomba de pneu; e só.
Encontrei local simples e simpático para dormir. Comprei shorts e camiseta bem baratos, e lavei a roupa de ciclismo à noite. Durante o dia saía para pedalar nos arredores. Parava para almoçar prato feito.
Simples e maravilhosos dias!

O CICLOTURISMO E A LOUCURA

texto e fotos por Rafael Limaverde (jun/2004)
lagoa dos patos - RS
Coloquei Lady Laura pra dentro e a encostei na beirada de uma cama redonda e vermelha...

Doidisse...

Hoje completo um ano e meio de viagem. Quero comemorá-los comentando uma coisa que, há muito, me atazana o juízo. De todas as coisas que escutei sobre minha viagem, há sempre uma constante... a palavra: loucura.

Muitas vezes me pergunto se o que estou fazendo é realmente loucura. Neste tempo todo aprendi a cozinhar, a falar espanhol, respirei ar puro, fiz exercícios quase que diariamente, trabalhei minha timidez, aprendi a rir dos meus defeitos, fiz amigos, poluí o meio o menos que pude, me alimentei bem, vivi com simplicidade, fugi do estresse.... Deus! Onde está a loucura disso tudo?!

Casa das Máscaras - Uruguai
Viver trabalhando pra pagar contas, meter-se na engrenagem torturante do mercado, comprar e comprar, achar que uma roupa pode dizer quem se é, viver estressado e num ambiente poluído.... não seria isso loucura?

A gente carrega uma idéia bem esquisita da insensatez.

Ora, loucura é o tempero da vida! Tudo que se faz de grandioso pede um pouco de loucura.

Viva racionalmente o tempo todo, baseie seu existir na sensatez e verás a chatice em que você tornou sua vida. Jesus, Buda, São Francisco, Einstein, Santos Dumont, Gandhi, Charles Chaplin, Van Goghi...todos esses, um dia, não foram chamados de doidos? E a única coisa que fizeram foi obedecer a seus corações.

Então, o que é loucura afinal?

Vale a pena ser normal?

tocando para um gatinho - Chile
Quem é normal?

A tristeza mora no coração dos sábios, a alegria no coração dos loucos” – Erasmo – Elogio a Loucura

A todo custo a ‘sensatez’ é perigosa, constituindo uma força destrutiva da vida” – Nietzsche – Ecce Homo

Rafael Limaverde: Artista plástico de Fortaleza. Em 2002 iniciou uma imensa jornada de bicicleta pela América Latina e escreveu este artigo de Curitiba - PR.