sábado, 27 de novembro de 2010

O CICLOTURISMO E A LOUCURA

texto e fotos por Rafael Limaverde (jun/2004)
lagoa dos patos - RS
Coloquei Lady Laura pra dentro e a encostei na beirada de uma cama redonda e vermelha...

Doidisse...

Hoje completo um ano e meio de viagem. Quero comemorá-los comentando uma coisa que, há muito, me atazana o juízo. De todas as coisas que escutei sobre minha viagem, há sempre uma constante... a palavra: loucura.

Muitas vezes me pergunto se o que estou fazendo é realmente loucura. Neste tempo todo aprendi a cozinhar, a falar espanhol, respirei ar puro, fiz exercícios quase que diariamente, trabalhei minha timidez, aprendi a rir dos meus defeitos, fiz amigos, poluí o meio o menos que pude, me alimentei bem, vivi com simplicidade, fugi do estresse.... Deus! Onde está a loucura disso tudo?!

Casa das Máscaras - Uruguai
Viver trabalhando pra pagar contas, meter-se na engrenagem torturante do mercado, comprar e comprar, achar que uma roupa pode dizer quem se é, viver estressado e num ambiente poluído.... não seria isso loucura?

A gente carrega uma idéia bem esquisita da insensatez.

Ora, loucura é o tempero da vida! Tudo que se faz de grandioso pede um pouco de loucura.

Viva racionalmente o tempo todo, baseie seu existir na sensatez e verás a chatice em que você tornou sua vida. Jesus, Buda, São Francisco, Einstein, Santos Dumont, Gandhi, Charles Chaplin, Van Goghi...todos esses, um dia, não foram chamados de doidos? E a única coisa que fizeram foi obedecer a seus corações.

Então, o que é loucura afinal?

Vale a pena ser normal?

tocando para um gatinho - Chile
Quem é normal?

A tristeza mora no coração dos sábios, a alegria no coração dos loucos” – Erasmo – Elogio a Loucura

A todo custo a ‘sensatez’ é perigosa, constituindo uma força destrutiva da vida” – Nietzsche – Ecce Homo

Rafael Limaverde: Artista plástico de Fortaleza. Em 2002 iniciou uma imensa jornada de bicicleta pela América Latina e escreveu este artigo de Curitiba - PR.    

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